Por Elaine Pedroso
A mentoria é um processo de desenvolvimento onde uma pessoa experiente orienta e apoia o crescimento profissional de outra, buscando acelerar aprendizados, posicionamentos e visão de carreira.
Mas quantas mulheres mentoram outras mulheres?
É importante entender que a mentoria não é apenas sobre orientação técnica, mas também sobre compreender, de fato, o que a pessoa mentorada passa e sente na sua vida profissional. Um homem não compreende a dimensão de ser uma mulher no mercado de trabalho. Ele pode entender o mercado, mas nunca a perspectiva de uma mulher atuando nesse mesmo mercado.
O papel da mulher como mentora vai além de orientar tecnicamente. Ela tem um poder único de inspirar pelo exemplo real, apoiar e abrir portas que outras pessoas não enxergariam, pois provavelmente já esteve na mesma posição que a mentorada. A experiência de uma mulher no mercado de sua profissão é marcada por desafios relacionados à equidade de gênero, o que a torna ainda mais capacitada para ajudar outras mulheres a superar esses obstáculos.
Contudo, só existirão papéis para mentoras quando entendermos que também precisamos ser mentoradas por outras mulheres. E esse mercado de mentorias e conselhos ainda é majoritariamente ocupado por homens!
É quase uma discussão sobre o que veio primeiro: o ovo ou a galinha! Não importa quem chegou primeiro, o que importa é que ambas as posições coexistem. Precisamos despertar a curiosidade para buscarmos mentoras.
A mentoria vai além de aconselhar; ela é um espaço para discutir técnicas e ferramentas de desenvolvimento profissional, abordando com segurança os desafios de gênero. A realidade de reconhecer a vida profissional como parte de uma vida pessoal, social, espiritual e amorosa, e que, sem desmerecer nenhuma dessas áreas, é necessário desenvolver o profissionalismo diariamente.
Por mais preparado que um homem mentor seja, ele nunca saberá o que é passar por períodos de tensão pré-menstrual, puerpério, os desafios diários de ser mãe e profissional, ou o que é ser mulher no mercado de trabalho.
Um homem pode até dizer que entende comportamentos, mas ele não conhece o desconforto de ser questionada ou descreditada apenas por ser mulher, nem a constante necessidade de provar que tem o mesmo potencial e competência que um homem na mesma posição.
Ele não sabe o que é ser vista como excessivamente emotiva quando expressa uma opinião, ou grosseira quando é firme em uma decisão. Tampouco conhece o desconforto de, muitas vezes, ser a única mulher em uma mesa de negociações, onde sua voz precisa ser dita mais alto, e às vezes até gritada, para ser ouvida. O reconhecimento, já é um assunto para outro texto!
É difícil para um homem mentor compreender a carga emocional e profissional de ser julgada pela aparência e não pela performance, ou o receio constante de ser rotulada como ambiciosa ou competitiva demais ao buscar sucesso.
Um homem nunca poderá entender completamente o que citei, pois ele simplesmente não tem as experiências de julgamento e exposição que uma mulher sofre no mercado.
Este texto não é sobre quem é melhor, mas sobre quem está adequado à sua necessidade!
Você pode ter homens mentores, e está tudo bem! Mas, oportunizar ser orientada e inspirada por outras mulheres depende de você, não do que o mercado oferece. Enxergue o papel de mulheres inspiradoras como o combustível que acelera seu crescimento. Essas mulheres contribuem para a formação de novas gerações no nosso mercado de atuação. E, principalmente, que possamos indicar essas mulheres como exemplos.
→ Uma mentora não é intitulada como mentora, ela é escolhida!
Escolha quem te inspirará, quem te orientará e, principalmente, quem passa pelas mesmas dores que você.