Desafios de uma mulher em cargo de poder

 Por Letícia Parucker

 

O acesso das mulheres a cargos de poder sempre foi limitado, e não há muito tempo atrás era até mesmo proibido, por barreiras estruturais, culturais e institucionais. Claro que nas últimas décadas ocorreram avanços significativos, porém a desigualdade de gênero ainda persiste de maneira muito forte no ambiente profissional, especialmente em cargos de liderança.

E mesmo com todas as conquistas femininas nos últimos anos, será que ainda existe alguma dificuldade enfrentada pelas mulheres quando assumem posições de destaque? A resposta, infelizmente, é: com certeza!

Portanto, é preciso que ocorram novas mudanças neste cenário e para que isto aconteça é extremamente necessário que sejam realizadas ações concretas com o objetivo de promover a igualdade de gênero no ambiente profissional.

Dentre as dificuldades, uma das maiores enfrentadas pelas mulheres é aquela que surge do machismo estrutural e que pode se manifestar de diversas maneiras, desde a socialização entre os colegas de trabalho até a disputa no mercado de trabalho. As mulheres constantemente são desencorajadas a assumir e querer posições de liderança, e a maioria são influenciadas desde muito cedo pela própria família. Afinal, ocupar posições de poder e liderança normalmente exigem que a pessoa tenha firmeza e assertividade, características muitas vezes associadas ao homem.

Estes estereótipos reforçam a crença de que as mulheres seriam menos aptas a liderar, contribuindo para a construção de um “teto de vidro”, uma barreira invisível, porém muito perceptível, que limita o crescimento feminino no âmbito profissional.

Outro fator que dificulta a ascensão das mulheres é a dupla jornada, ou seja, a necessidade de equilibrar responsabilidades profissionais com as tarefas domésticas e familiares. Nos últimos anos, é muito comum que marido e mulher trabalhem, mas estudos indicam que a mulher ainda assume a maior parte das tarefas domésticas, reduzindo seu tempo e energia disponíveis para investir na carreira.

Ademais, esta situação é agravada pela falta de políticas públicas e organizacionais voltadas para a conciliação entre trabalho e família, como creches acessíveis e horários de trabalho flexíveis.

Outro grande desafio enfrentado por mulheres no mundo profissional são os problemas decorrentes de assédio e preconceito. Curiosamente, quanto mais alto o cargo ocupado por mulher, maiores serão os questionamentos sobre sua competência, sobre sua aparência, resultando frequentemente em sabotagens diretas de suas decisões. Essas práticas não apenas minam a autoestima das mulheres, mas também dificultam sua capacidade de exercer autoridade de forma plena, prejudicando tanto a gestão quanto os resultados organizacionais.

E não podemos esquecer sobre a cobrança desproporcional pela execução de um trabalho perfeito. Sabemos que homens em posições de liderança cometem erros que comprometem diversos setores de uma determinada empresa muitas vezes continuam em seus altos cargos sem qualquer repreensão, enquanto as mulheres mediante a qualquer problema são transformadas em pessoas incapazes para aquele serviço.

Somos cobradas constantemente de que temos que provar nossa competência, sendo julgadas de forma mais severa por falhas que seriam facilmente ignoradas por pessoas do gênero masculino. Essa pressão extra contribui para o esgotamento profissional e emocional, desestimulando a permanência em cargos de alta responsabilidade.

Para superar essas dificuldades, é imprescindível implementar ações que promovam a equidade de gênero, tais como programas de mentoria, critérios transparentes de promoção e o combate ao assédio e preconceito no ambiente de trabalho. Necessário, ainda, ampliar o acesso a políticas públicas que reduzam a carga doméstica das mulheres e incentivem sua entrada e permanência no mercado de trabalho.

Claro que também não podemos esquecer da necessidade de uma mudança cultural, que só pode ser alcançada por meio da educação e da conscientização coletiva. Desconstruir estereótipos de gênero e valorizar a diversidade são passos fundamentais para criar um ambiente onde as mulheres não apenas ocupem cargos de poder, mas também tenham suas vozes e perspectivas devidamente reconhecidas.

Nós, mulheres, já conquistamos tanto em um tempo relativamente pequeno. Afinal, até a década de 60 dependíamos da autorização dos nossos pais ou do marido para simplesmente estudar em uma universidade, ou seja, pouco mais de 50 anos atrás sequer tínhamos a liberdade de frequentar um curso superior, muito menos um cargo de liderança. Entretanto, há um longo caminho a ser percorrido para ser alcançada a equidade de gênero. Superar essas barreiras exige um esforço conjunto entre governos, organizações e a sociedade como um todo, para que a presença feminina no poder não seja exceção, mas sim a regra.

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