Elaine Pedroso
A liderança feminina é marcada por desafios únicos que evidenciam a disparidade de posicionamento em relação à liderança masculina, e isso inclui a atuação em ambientes jurídicos. No cenário jurídico, onde as normas e estruturas patriarcais também se destacam, mulheres líderes enfrentam a constante necessidade de provar sua competência e valor em um ambiente que historicamente favorece os homens.
A ideia de que as mulheres precisam se esforçar mais para alcançar e manter posições de liderança não é nova. Diversos estudos mostram que as mulheres em cargos de liderança são frequentemente submetidas a padrões mais rígidos e enfrentam julgamentos mais severos em comparação com seus colegas homens. No meio jurídico essa realidade é intensificada pelo ambiente rígido e hierárquico, onde as decisões são muitas vezes influenciadas por tradições e valores conservadores.
Um dos principais desafios enfrentados pelas mulheres na liderança é a ideia de equilíbrio de pratos, como em um espetáculo circense! Mantém-se a ideia de multitarefas da mulher profissional, mãe, filha, amiga e os demais papéis que lhe são projetados, mas que ainda assim assuma a doçura e meiguice de “ser mulher”. Enquanto os homens são frequentemente julgados por suas competências, das mulheres exigem a prova da sua capacidade por meio de resultado mensurável à minúcia. Esse fenômeno perpetua a cultura de desigualdade, onde as mulheres que alcançam posições de destaque são tidas como exceção ou então detentora de algum privilégio não merecido, em vez de serem reconhecidas por seu mérito e habilidades.
De acordo com dados da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional do Paraná, as mulheres advogadas representam minoria em número de inscrições ativas, o que reflete diretamente ao integrarem sociedades de advocacia, sejam elas individuais ou plúrimas. Porém, são maioria nos contratos de associadas! Isso demonstra a condição de ser liderada e não líder, apesar dos números de profissionais ativos.
Além disso, as mulheres líderes enfrentam a pressão de equilibrar traços tradicionalmente associados à liderança, como assertividade e autoridade, com expectativas sociais que valorizam a empatia e a colaboração como características femininas. Quando uma mulher adota um estilo de liderança mais assertivo, ela pode ser vista como agressiva ou difícil, enquanto um homem com as mesmas características é considerado forte ou decisivo.
E estas diferenças de olhares é constante, deve-se então, mulheres líderes, adotar a seguinte premissa, ao serem chamadas de agressivas: você diria o mesmo se eu fosse homem?
Essa dicotomia reflete as normas patriarcais que ainda dominam a cultura organizacional, onde o comportamento esperado das mulheres é frequentemente contrastado com as qualidades desejáveis na liderança.
Na advocacia, onde a confiança e a assertividade são cruciais, as mulheres líderes precisam navegar por essas expectativas conflitantes. A luta contra o patriarcado não é apenas sobre conquistar espaço, mas também sobre redefinir as normas de liderança e abrir caminho para futuras gerações de mulheres. Isso inclui a criação de ambientes de trabalho que valorizem a diversidade de estilos de liderança e que reconheçam o valor das perspectivas femininas na tomada de decisões estratégicas.
A luta contra o patriarcado no meio jurídico exige um compromisso coletivo para desafiar as estruturas de poder existentes. Isso significa apoiar políticas que promovam a igualdade de gênero, desde programas de mentoria até iniciativas de diversidade e inclusão que visem reduzir o viés inconsciente na seleção e promoção de líderes.
Vê-se que a liderança feminina é um desafio diário que reflete a luta contínua contra as estruturas patriarcais. As mulheres líderes não apenas enfrentam a necessidade de provar seu valor em um ambiente desigual, mas também carregam a responsabilidade de transformar essa realidade para futuras gerações. A mudança começa com a conscientização, mas só será consolidada através da ação coletiva e do compromisso com a igualdade de oportunidades.